A subsidiária da Yamaha no Brasil era um escritório recém-aberto na rua
General Osório, conhecida por concentrar o comércio de motos em São
Paulo (SP), quando o vice-presidente da matriz, Hisao Koike, desembarcou
aqui em 1971. Os japoneses já tinham a informação de que o Governo
aumentaria os impostos sobre motos importadas nos próximos anos e queria
transformar a modesta operação local em uma fábrica para atender o
mercado em crescimento.
As marcas japonesas tiveram papel fundamental na popularização das
motos no Brasil. Até então, o que se via eram scooters e motocicletas
europeias vendidas a um público extremamente restrito. Koike estava
certo que esse cenário mudaria e providenciou que uma equipe de
engenheiros japoneses começasse a visitar possíveis fornecedores. A
compra do terreno à beira da rodovia Presidente Dutra (BR-116) aconteceu
em 1972 e a construção da primeira planta da marca fora do Japão foi
iniciada em 1973.
A Yamaha começaria a fabricar a RD 50 experimentalmente em setembro de
1974, para produzir 800 unidades mensais – a previsão era dobrar o
volume ao longo do ano seguinte. O modelo RD 50 sucedia a YB 50
importada, assim como ocorreu no Japão, com uma série de vantagens sobre
o modelo anterior: um quadro de aço tubular igual ao das motos de maior
cilindrada da época, em vez do estampado comum aos ciclomotores, maior
potência do motor de 6,2 cv, contra os 4,8 cv da YB, e o câmbio de 5
marchas em vez de 4.
Os japoneses preferiram começar pelo modelo de entrada, que entendiam
ter mais potencial no Brasil e ajudariam a formar consumidores para os
modelos de cilindradas mais altas. Havia outras questões importantes a
favor da opção pela pequena RD, como a permissão da condução de
cinquentinhas por menores de idade, algo que estava na agenda de
discussão política, e a maior simplicidade técnica para viabilizar a
produção de componentes nacionais.
A marca queria ter a moto nacional para apresentar no Salão do
Automóvel de 1974 e começar as vendas até dezembro. Aproveitaram a
mostra de automóveis para estimular o contato do público com a novidade
numa área de testes e dar instruções de pilotagem voltadas a iniciantes.
Durante alguns meses faltaram motos para atender à demanda,
impulsionada pelo preço menor que o da Honda CB 50 importada e
equivalente à metade do cobrado pelas 125.
Fonte: www.revistaduasrodas.com.br Fotos: Mario Villaescusa


