O frio, como todo motociclista sabe, é um inimigo perigoso
para a saúde e também para a segurança. Depois de um certo tempo pilotando com
a temperatura do corpo baixa, os reflexos ficam lentos, o raciocínio é afetado
e perdemos o necessário “jogo de cintura”. Neste contexto, cometer erros acaba
sendo algo provável até mesmo para os mais habilidosos ou experientes ao
guidão.
Como escapar dessa armadilha? Óbvio: vestir-se
adequadamente, com trajes técnicos dotados de proteções, e com forros
removíveis, item que pode fazer muita diferença.
Geralmente os forros que sobram nas horas quentes cabem em
uma pequena mochila. Um volume a mais, é certo, mas este é o método certo para
evitar o frio matinal e do fim da tarde, e que você “cozinhe” dentro da roupa
nas horas quentes do dia.
Moto necessita de cuidados
Porém, e sua moto? Será que ela exige cuidados maiores nesta
estação caracterizada por uma grande variação térmica? A lição de casa da
manutenção bem feitinha é uma das chaves do sucesso para não ter problemas, mas
há outras dicas também.
Motos pequenas, geralmente refrigeradas a ar, alcançam
rapidamente sua temperatura de exercício ideal. Elas têm motores extremamente
robustos, que admitem maus tratos sem problemas.
Dispositivos eletrônicos se encarregam de adaptar a ignição
e a mistura ar-gasolina para encarar os primeiros quilômetros a frio sem
engasgos e soluços. Mas o óleo lubrificante demanda certo tempo para conseguir
não só alcançar sua temperatura ideal de funcionamento, como atingir todas as
partes do motor.
Depois de algumas horas parado, um motor esfria, e o óleo
escorre para o cárter pela ação da força da gravidade. Algumas partes ficam
praticamente a seco de lubrificante. Isso ocorre especialmente no cabeçote,
onde está o comando (ou comandos) de válvulas e todo o sistema de distribuição
de um motor. É uma zona delicada, cheia de pequenas pecinhas sensíveis.
Apesar da tremenda evolução na qualidade dos óleos e os
aditivos neles contidos formarem uma película protetora – justamente para
evitar o acentuado desgaste que um motor frio poderia sofrer se acelerado
demasiadamente – os primeiros momentos de funcionamento de qualquer motor são
sempre críticos.
O que fazer? Nada de muito exótico: primeiro de tudo trocar
o óleo e o filtro seguindo religiosamente os prazos indicados pelo fabricante,
assim como usar lubrificante de qualidade, com a especificação correta. Porém,
fará uma baita diferença você dar ao motor ao menos um minuto ou dois de
funcionamento antes de submetê-lo a esforço – ou seja, sair andando. Isso fará
com que o óleo circule adequadamente, tendo tempo para alcançar todos os
componentes.
Após esse pequeno tempo dado para o motor “acordar“, uma vez
rodando espere ao menos alguns outros minutos – algo entre cinco ou dez já
serão o suficiente – antes de elevar a rotação. Em baixos giros o estresse
mecânico é bem menor que quando a agulha do contagiros está passeando perto da
faixa vermelha. Assim, deixe o motor esquentar girando calminho, condição em
que o desgaste interno será mínimo mesmo se o óleo estiver frio e, portanto,
ainda denso demais.
Motos maiores, com motores mais sofisticados, exigem ritual
semelhante – na verdade, ainda mais cuidadoso. Como comentado, os pequenos
motores monocilíndricos de 125 ou 150 cc refrigerados ar são espetacularmente
robustos e admitem maus tratos. Já um tetracilíndrico como, por exemplo, o de Yamaha XJ6 são engenhos mais sofisticados, dotados de um
número infinitamente maior de peças móveis e uma capacidade de alcançar altas
rotações muito superior.
Além disso, em vez do ar, a refrigeração é líquida: por
conta disso, é ainda mais importante seguir as regras de boa manutenção: usar
bons fluídos, lubrificantes, trocas frequentes e... um procedimento atento no
aquecimento antes de acelerar para valer.
Desgaste vem com o tempo
O que acontece se nada disso for feito, ou seja, ligar um
motor gelado e sair acelerando feito um maluco? Em um primeiro momento, nada: o
progresso obtido na qualidade dos lubrificantes atuais quanto na metalurgia e
na engenharia aplicada aos motores (especificação de materiais, tolerância nas
folgas e tratamentos químicos aplicados às superfícies), deixou os motores
modernos ultra resistentes aos maus tratos.
Um motor frio dificilmente vai quebrar se acelerado a fundo.
Mas, se esse for um padrão de utilização, todo dia essa mesma tortura, há
grande chance de ele durar bem menos do que um motor aquecido cuidadosamente.
Então, olho vivo! Tanto você quanto a sua
moto vão funcionar melhor, e por mais tempo, se a temperatura correta de
funcionamento do corpo e da mecânica for respeitada adequadamente.
Fonte: G1
Comments
0 Response to 'No frio, moto necessita de cuidados para não se desgastar'
Postar um comentário